14/09/2008

Igual aos outros

Passei uma vida inteira (e ainda passo) me dedicando às pessoas como seres únicos e livres de toda maldade, evitando enxergar qualquer mal que possa haver em cada uma delas.
Passei uma vida inteira tomando dores alheias, defendendo com unhas e dentes pessoas que hoje sequer lembram que eu existo (ainda). Corri riscos por elas. E corro porque, 29 anos depois, continuo agindo da mesma forma. Fico cega por quem eu gosto e acredito.
Passei uma vida inteira fazendo favores, ouvindo sem cansar tristezas com e sem fundamentos, alegrias estúpidas ou reais...Ouvindo, ouvindo...Sempre falando o que precisavam ouvir, conselhos que saem da minha boca e ajudam de tal maneira que a gratidão vem na seqüência, mas tempos depois não posso usufruir dessa gratidão quando preciso (eu) falar, quando preciso que me ouçam, quando preciso de conselhos. Esquecem de mim.
Passei uma vida inteira me entregando a amizades e esperando o mesmo em troca, a mesma entrega. Mas sei que isso não existe. Não na mesma proporção, porque as pessoas, querendo ou não, são diferentes.
Passei uma vida inteira procurando alguém como eu, que pudesse ouvir, falar, aconselhar, se entregar, se envolver com problemas alheios...Quando encontrei a perdi, porque simplesmente descobri que sou igual a todas as outras de quem tanto falei e falo. No fundo todo mundo é igual.