19/05/2011

Sou uma só.

Um dia em tentei ser duas pessoas. Ter duas essências. Ter duas vidas. Uma real e uma que eu gostaria de ter. Parei e pensei: se sou uma única pessoa e uso o mesmo nome, não posso ser duas. E fui infeliz. Foi uma escolha infeliz.

Quem eu sou hoje? O que quero pra minha vida? O que faço da minha vida? Não sou nada, não tenho nada. Não tenho uma carreira, não tenho bens, não tenho dinheiro. Não tenho sequer emprego. Sou deprimida, sofro por antecedência, sofro pelos outros, sou boazinha com os outros, piedosa até demais, incapaz de pensar e ver maldade nas pessoas e, ainda assim, gero receio em algumas. Inveja não. Quem teria inveja de mim? Se nada sou e nada tenho, não há porquê terem inveja de mim.

Eu costumava falar de mim em terceira pessoa. É só ler posts anteriores deste mesmo blog. Mas eu sou eu, sempre fui, nunca deixarei de ser. Eu sou uma só.

Gostaria de ter tido outra vida, outras oportunidades. Outras além, porque tive poucas. Por isso lamento algumas pessoas que têm uma série de oportunidades e desperdiçam. Mas afirmo que tive poucas diante do que eu mereci ter. Gostaria de ter estudado medicina, fisioterapia, relações públicas. Não pude. Gostaria de ter uma carreira consolidada e uma vida, no mínimo, confortável financeiramente. Gostaria de ser alguém.

O tempo não volta, passa rápido demais quando não queremos, passa devagar quando precisamos curar certas dores. Não há o que corrigir, há o que correr atrás. E por mais que eu faça, surge a sensação de que não é suficiente. E de que não vou chegar a lugar algum. E que vá pro inferno quem pensa que reclamo de barriga cheia. Só eu sei o que passei e o que senti.

Eu não vou tentar ser duas pessoas novamente. Sou uma só. Triste, fracassada, ingênua, de bom coração, que tem ao menos uma família e que sente amor. O que não é suficiente. Porque se amar fosse suficiente, hoje eu seria feliz.

Nenhum comentário: